quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Vias de administração de medicamentos


A administração de medicamentos é uma das atividades mais sérias e de maior responsabilidade da enfermagem, e para realizá-la, faz-se necessário o conhecimentos dos princípios científicos que a fundamentam como a farmacologia, a terapêutica medica no que diz respeito à ação, à dose, aos efeitos colaterais, aos métodos e às precauções na administração de drogas.
O planejamento dessa ação engloba as técnicas pelas diferentes vias de administração, orientação e supervisão do pessoal técnico, interpretação terapêutica, preparo da criança e observância das possíveis reações adversas e ações iatrogênicas.
  
Vias de administração de medicamentos
Compreende a maneira como a droga é administrada, podendo ser:
·        Tópica
·        Mucosa
·        Oral
·        Inalatória
·        Oftálmica
·        Otologia
·        Retal
·        Geniturinária
·        Parenteral

Via tópica:
Utilliza-se essa via quando os medicamentos são administrados sobre a pele, de modos diferentes e em varias formas de apresentação farmacêutica, com o propósito fundamental de exercerem ações locais. A possibilidade de absorção apreciável depende das condições em que se apresenta a pele, bem como do modo de uso e da natureza do medicamento – se seu vinculo é aquoso, oleoso ou alcoólico.

Via mucosa:
O poder absorvente das mucosas constitui uma de suas características fisiológicas, uma vez que encontramos nessa área uma rica rede de capilares que facilita a absorção dos fármacos aplicados. Vale destacar que, na utilização dessa via, haverá uma seletividade na absorção do fármaco, permitindo em certas situações, que o efeito terapêutico deles sejam percebidos sistematicamente. Teoricamente, podemos utilizar todas as áreas de mucosa externa do organismo, sendo a mais comum a sublingual, a nasal e a ocular.
É importante lembrar que os medicamentos administrados pela via mucosa não sofrem o fenômeno de primeira passagem no fígado. Por essa razão, seu efeito se dá quase imediatamente. A desvantagem é que a vida útil dos fármacos administrados por essa via é muito curta.

Via oral:
Os fármacos administrados por essa via utilizam o trato gastrointestinal, em particular as primeiras porções do intestino delgado, como áreas de absorção. Esses fármacos podem ser administrados pela boca, como acontece nos casos de clientes acordados e lúcidos, ou por entubação gástrica e intestinal, utilizando-se sondas gástricas e intestinais respectivamente. Medicamentos com sabores desagradáveis acabam sendo uma dificuldade para a utilização de apresentações liquidas, principalmente em pediatria. Essa via é utilizada tanto para fins terapêuticos como para diagnósticos.

Via respiratória (inaloterapia):
A inaloterapia é um tratamento medicamentoso que se utiliza da mucosa bronco-pulmonar como meio de absorção do medicamento. Restringe-se a administração de aerossóis de natureza e composições variáveis, destinados essencialmente a produção de efeitos locais; de certos gases não absorvíveis, normalmente o nitrogênio e o Helio, que podem ser uteis para evitar atalectasia pulmonar em determinadas circunstancias ou para facilitar a passagem do oxigênio pelas porções estreitas das vias respiratórias; e de agentes voláteis e gasosos difusíveis, com a finalidade de serem absorvidos pelos pulmões e exercerem ações gerais.

Via oftálmica:
Consiste na aplicação de pomada ou colírio na conjuntiva ocular com a finalidade de tratar infecções, proteger a córnea, dilatar pupila ou contraí-la e anestesiar.
Recomendação: medicação de uso individual e limpeza com SF antes da medicação.
Via otológica:
Introdução de medicamento no canal auditivo com fins terapêuticos, como amolecimento de cera e tratamento de processos inflamatórios.

Via retal:
A absorção do fármaco se da pela mucosa retal. Seu uso é apenas admissível esporadicamente e com indicações precisas, sendo justificável para obtenção de efeitos locais – como a lubrificação e proteção da mucosa do reto contra agentes irritantes, tratamento de determinadas infecções, lavagem intestinal, emulsificação e amolecimento de fezes, casos de fecaloma e para fins de diagnostico, u ainda para efeitos sistêmicos secundários à absorção de certos medicamentos (analgésicos, antiinflamatorios, antiespasmódicos).

Via geniturinária:
As drogas introduzidas diretamente nesse aparelho destinam-se a exercer apenas atividade local. No entanto, por se tratar de também de uma mucosa, é possível que haja absorção do medicamento e consequentes efeitos sistêmicos desse no organismo, que poderão ser nocivos, principalmente nos casos de inflamação que facilitam sobremaneira a absorção. No aparelho genital feminino em particular, essa via é muito utilizada nos tratamentos das infecções vaginais, principalmente aquela causada por cândidas e trichomonas.

Vias parenterais:
Refere-se ao modo de administração de medicamentos ou nutrientes por qualquer via que não seja oral ou intestinal, e que para sua operacionalização necessita de dispositivos como seringas, cateteres, agulhas e equipos de infusão.a administração de medicamentos se faz por meio de injeções, que consistam na introdução de drogas em tecidos ou órgãos por meio de pressão, utilizando os matérias acima citados. As vias parenterais mais comumente utilizadas para administração de medicamentos no organismo são as vias intradérmica, subcutânea, intramuscular e intravenosa.

·      Via intradermica (ID)
A injeção intradérmica consiste na aplicação de solução na derme (área localizada entre a derme e o tecido subcutâneo. Esta via é utilizada para realizar testes de sensibilização, diagnósticos e aplicar a vacina da BCG.
Os locais de aplicação de injeção ID em pediatria são: face interna do antebraço, região escapular, porção inferior do deltóide, locais onde a pilosidade é menor e há pouca pigmentação, oferecendo um fácil acesso a leitura da reação do alérgeno e da vacina.
Os efeitos adversos da injeção intradérmica são decorrentes da falha na administração da vacina como: aplicação profunda, da dosagem incorreta e da contaminação

Indicação: todas as idades
Contraindicação: lactentes com peso inferior a 1.500g
Volume: 0,1 a 0,5 ml.
Ângulo da agulha: 15º até que o bisel desapareça.
Localização da punção: inserção inferior do deltóide.
Tipo de agulha: pequena 10 x 5 ou 13 x 4,5

·      Via subcutânea (SC)
A injeção subcutânea consiste na aplicação de solução na região subcutânea, isto é, na hipoderme (tecido adiposo abaixo da pele). Esta via é utilizada principalmente para drogas que necessitam ser lentamente absorvidas. Vacinas como antirrábica, a tríplice viral e a insulina tem indicação especifica por esta via, pois caso a medicação atinja o músculo, ela chegará rapidamente na corrente sanguínea.
Os locais para aplicar a injeção recomendados são: a parede abdominal (hipocôndrio direito ou esquerdo), a face anterior e externa da coxa, a face anterior e externa do braço, a região glútea e a região dorsal, logo abaixo da cintura.

Indicação: todas as idades.
Contraindicações: em locais próximos as articulações, nervos e grandes vasos sanguíneos.
Volume: 0,5 a 1,0 ml.
Ângulo da agulha: agulha 13 x 4,5, crianças eutróficas e obesas: ângulo reto de 90º, criança hipotrófica: ângulo de 30º ou 2/3 da agulha introduzida. Agulha 25 x 6, crianças eutróficas e obesas: ângulo de 45º.
Localização da punção: padronizar o local da aplicação, estabelecendo o padrão de revezamento dos locais de aplicação e obedecendo a distância mínima de 2 cm da última.
Tipo de agulha: 13 x 4,5 ou 25 x 6.

·      Via intramuscular (IM)
Consiste na aplicação de solução no tecido muscular. Trata-se de um procedimento muito comum no ambiente de cuidado, tem a finalidade tanto curativa quanto preventiva, mas provoca muito medo nas pessoas, especialmente nas crianças.
Para que a técnica de injeção intramuscular seja realizada com êxito, é necessário conhecimento cientifico por parte do profissional que a desempenhará. A escolha do local deve respeitar os critérios baseados na quantidade e na característica da droga prescrita, condições da massa muscular, quantidade de injeções prescritas, locais livres de grandes vasos e nervos em camadas superficiais, acesso ao local e risco de contaminação, local apropriado a inserção necessária da agulha, o tamanho apropriado da agulha e o ângulo apropriado para a aplicação.
Os locais de injeção IM em pediatria são os mesmos do adulto, ou seja, o vasto lateral da coxa, ventroglútea, dorsoglútea e deltóide.


o  Ventroglútea:
Músculo: glúteo médio e mínimo.
Indicação: todas as idades.
Contraindicação: não tem, sendo apenas livre de nervos e estruturas importantes.
Volume: lactente, 0,5mL ate 1 ml. Infante e pré-escolar, 2,0 ml. Escolares, 3 ml. Adolescentes, 4 ml.
Ângulo da agulha: 90º discretamente angulada em direção a crista ilíaca.
Tipo de agulha: o calibre e o tamanho da agulha devem ser de acordo com a massa muscular. 30 x 7 ou 25 x 6, exceto vacinas e vitamina K no RN, no qual se usa a agulha 13 x 4,5.

o  Face Antero-lateral da coxa:
Músculo: vasto lateral
Indicação: todas as idades.
Contraindicação: locais mais dolorosos.
Volume: lactentes, 0,5mL ate 1ml. Infante e pré-escolar, 2,0ml. Escolares, 3ml. Adolescentes, 4ml.
Ângulo da agulha: 45º no sentido do joelho, em lactentes e pré-escolares. 90º voltado para o pé em crianças maiores.
Localização: terço médio da face Antero-lateral da coxa, entre o trocanter maior e a articulação do joelho.
Tipo de agulha: o calibre e o tamanho da agulha devem ser de acordo com a massa muscular. 30 x 7 ou 25 x 6, exceto vacinas e vitamina K no RN, no qual se usa a agulha 13 x 4,5.

o  Dorsoglútea:
Músculo: glúteo Máximo.
Indicação: crianças que deambulam pelo menos a um ano.
Contraindicação: próximo do nervo ciático.
Volume: lactentes, 0,5ml ate 1ml. Infante e pré-escolar, 2,0 ml. Escolares, 3ml. Adolescentes, 4ml.
Ângulo da agulha: 90º em relação a superfície em que o cliente esta apoiado.
Localização: entre o trocanter maior e a espinha ilíaca.
Tipo de agulha: o calibre e o tamanho da agulha devem ser de acordo com a massa muscular. 30 x 7 ou 25 x 6, exceto vacinas e vitamina K no RN, no qual se usa a agulha 13 x 4,5.

o  Deltóide:
Músculo: deltóide.
Indicação: adolescentes.
Contraindicação: adolescentes pouco desenvolvidos e crianças
Volume: adolescente 3 ml.
Ângulo da agulha: 90º
Localização: abaixo do acrômio.
Tipo de agulha: o calibre e o tamanho da agulha devem ser de acordo com a massa muscular. 30 x 7 ou 25 x 6, exceto vacinas e vitamina K no RN, no qual se usa a agulha 13 x 4,5.

Via endovenosa (EV) ou via intravenosa (IV)
É uma via de absorção rápida, pois o medicamento não passa pelo processo de absorção e por ser administrada diretamente no plasma sua ação é imediata.
A utilização dessa via ocorre com maior frequência na hospitalização. A administração de medicamentos ocorre através de um dispositivo intravenoso instalado por punção, podendo ser um processo repetitivo no qual a criança revive a angustia gerada por essa experiência, que pode resultar em traumas.

Locais mais comuns para punção venosa:
Couro cabeludo (região frontal, auricular posterior e temporal).
Dorso da mão (veias metacarpianas dorsais, arco venoso dorsal).
Antebraço (veia cefálica acessória, veia cefálica, veia basílica).
Braço (veia mediana cubital, veia mediana antebraqueal, veia basílica e veia cefálica).
Dorso do pé como último recurso devido às complicações tromboembólicas. (arco venoso dorsal, veia mediana marginal).
Cabeça (veias superficiais temporais, veia frontal, veia posterior auricular).
Tornozelo (safena interna)
Pescoço (jugular externa e jugular interna)

A medicação endovenosa pode ser ministrada:
Diretamente na veia: “em bolus”, (conectando a seringa a um dispositivo intravenoso após diluição ou rediluição)
Diluída em bureta: reduz os riscos da rápida infusão, permite a rediluição da droga em pequenos volumes, facilita o controle e a anotação de volume infundido. Geralmente o medicamento é infundido entre 30º e 60º.
Soluções: mistura-se a droga a grandes volumes de fluido. Geralmente eletrólitos, vitaminas adicionadas ao soro glicosado ou fisiológico infundidos em ate 24 horas.

Flebite
A flebite é uma inflamação de uma veia, geralmente nas pernas.
Caracterizada por um quadro de dor e hiperemia localizada na trajetória da veia acometida por irritação contínua do endotélio seguida de uma colonização bacteriana.
A causa mais comum é a iatrogênica, provocada pelas agressões químicas (soluções concentradas) e mecânicas (punções e cateterizações).
Ao contrário das veias profundas, as veias superficiais não são envolvidas por músculos que as comprimem e que podem provocar o desalojamento do trombo (tromboflebite). Por essas razões, a flebite superficial raramente causa embolia.

Tipos:
Tromboflebite: distúrbio no qual um coágulo se forma em uma veia. Esta associada à inflamação/trauma da parede venosa, ou uma obstrução parcial da veia. A formação de coagulo esta relacionada à estase do fluxo sanguíneo, anormalidades nas paredes dos vasos e alterações no mecanismo de coagulação.

Há dois tipos de tromboflebite:
A tromboflebite superficial, que ocorre quando coágulo sanguíneo forma-se em uma veia que corre perto da superfície do corpo. Esse tipo de tromboflebite é menos sério e geralmente responde rapidamente ao tratamento médico.
A trombose de veia profunda, que é uma condição médica mais séria que pode resultar em embolia pulmonar (quando o coágulo viaja até os pulmões), a qual é uma condição que pode ser fatal.

Prevenção da tromboflebite
Caso a pessoa tenha histórico familiar de tromboflebite, há coisas que ela pode fazer como prevenção desta condição médica:
Manter-se ativo fazendo caminhadas frequentes, especialmente se estiver em um voo de longa distância ou dirigindo um carro.
Caso não tenha como sair do assento, mover as pernas tão frequentemente como possível.
Prevenir a obesidade com exercícios e dieta saudável.
Não fumar.
Controlar a pressão sanguínea.

Cuidados de enfermagem na prevenção de flebites:
·       Monitorar regularmente os locais de cateteres visualmente ou por palpação através do curativo intacto, dependendo da situação clínica de pacientes individuais. Caso os pacientes apresentem dor à palpação no local da inserção, febres sem fonte óbvia ou demais manifestações, o curativo deverá ser retirado de forma a permitir total exame do local.
·       Observar os procedimentos adequados para higiene das mãos, seja lavando as mesmas com sabão convencional que contenha antisséptico e água ou com gel ou espumas sem água com base em álcool.
·       Utilizar luvas limpas ou estéreis quando inserir um cateter intravascular, conforme exigido pelo Padrão de Patógenos Transmitidos pelo Sangue da Administração de Saúde e Segurança Ocupacionais.
·       Utilizar luvas limpas ou estéreis quando trocar o curativo nos cateteres intravasculares.
·       Desinfetar a pele limpa com um antisséptico apropriado antes da inserção do cateter e durante as trocas de curativos. Embora seja preferencial uma preparação a base de clorexidina 2%, poderá ser utilizada tintura de iodo, um iodóforo ou álcool 70%.
·       Utilizar gaze estéril ou curativa estéril, transparente e semipermeável, para cobrir o local do cateter.
·       Selecionar o cateter, técnica e local de inserção considerando o menor risco de complicações.
·       Substituir cateteres venosos periféricos pelo menos a cada 72- 96 horas em adultos visando evitar flebite.




ANEXO:
FIGURA 1.

Vias de administração de medicamentos e angulações das agulhas.







BIBLIOGRAFIA:
1.       http://irlab.fe.up.pt/ctl/us3_collection/946/www.nutritotal.com.br%2Fdiretrizes%2Ffiles%2F31--CateterCDC.pdf. DIRETRIZES PARA A PREVENÇÃO DE INFECÇÕES RELACIONADAS A CATETERES INTRAVASCULARES.
2.       ENSINANDO A CUIDAR DA CRIANÇA. Almeida Figueiredo. Nébia Maria. Cap 7. Editora Yendis.
3.       PLANOS DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM. Doenges. Marilynn; Moorhouse, Mary Frances; Geissler. Alice. Editor Guanabara Koogan. P.116
4.        PATOLOGIA ESTRUTURAL E FUNCIONAL. Robbins. P.475
5.       ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS. Almeida de Figueiredo. Nébia Maria. Editora Difusão. Cap 5.

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